A freguesia de São Silvestre, também designada por São Silvestre do Campo, foi priorado da apresentação do Marquês de Marialva, mas em 1862 era da apresentação da casa de Manuel Cabral. Em 1840 integrava o concelho de Tentúgal, até à sua extinção por decreto de 31 de Dezembro de 1853, data em que passou para o de Coimbra.
Situada próximo da margem direita do rio Mondego, daqui se avista uma esplêndida paisagem, nomeadamente o parque eólico de Miranda do Corvo (Freguesia de Vila Nova), montanhas de Penela, Coimbra, Campos do Mondego, Pereira e vários até Montemor-o-Velho.
Atravessam esta freguesia os rios Mondego e o rio Velho, assim como a Vala do Norte e a ribeira das Azenhas.
Os campos do Mondego trazem uma beleza espectacular a esta freguesia. Apercebem-se com relativa precisão os diferentes cursos de água do vale: em baixo, ao longo da estrada, a vala do norte; a duas centenas de metros desta, o leito do rio velho; a meio do campo a vagem grande; finalmente, na orla dos ligeiros pendores do Ameal, vislumbra-se pela fieira rectilínea dos choupos, o leito artificial e moderno do Mondego.
Deste deleitoso vale, avista-se a cidade de Coimbra, S. Martinho do Bispo, Taveiro, Reveles, Cegonheira e Ameal.
Como ficam além do Mondego, são conhecidas pela Banda d’Além.
O solo é de natureza sedimentar. É de notar alguma arborização junto aos cursos de água cedros, grandiosos eucaliptos, choupos do Canadá e freixos.
Vêem-se sobre os campos enormes cegonhas e milhafres. As principais culturas são: milho, arroz, oliveira e vinha.” No campo histórico-cultural, importa referir algumas figuras do passado que muito contribuíram para o engrandecimento da Freguesia. A freguesia de São Silvestre teve como grande benemérita, a Cãs Cabral. Foi ela quem deu início à construção da Igreja e doou terreno para o actual cemitério, pelo que, á guisa de agradecimento, o povo cantava:
“Adeus terreiro do Paço
Adeus Casa dos Cabrais
Adeus riso salão
Onde estão as armas reais”
Esta freguesia tem para oferecer um património que é, essencialmente uma herança cultural. Pode ostentar séculos ou milénios, mas deve sempre ser entendido como um conjunto de manifestações que emana dos maus diversos graus do conhecimento humano, gerado por múltiplas gerações que, à sua maneira, compreenderam a necessidade de transmitirem algo aos vindouros. O Património, passado ou actual, funciona sempre como a consciência unificadora de uma identidade histórico-cultural, como se pode verificar, visitando:
PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO
- Igreja Matriz São Silvestre
- Igreja do Mosteiro São Marcos
- Capela de N. S. da Ajuda
- Capela de Quimbres
- Capela do Bom Jesus
- Convento e Cruzeiro São Marcos
- Casa Nobre
EVENTOS ANUAIS
Na Freguesia, realizam-se festas em honra do Santíssimo Sacramento, na última semana de Agosto; de São Silvestre, Padroeiro, a 31 de Dezembro; de Nossa Senhora da Ajuda, em Castanheira e Zouparria do Campo, na segunda semana de Agosto: do Bom Jesus, em Quimbres, na ultima semana de Julho; e da Ascensão do Senhor, em São Marcos, na quinta-feira da Ascensão. Todas estas festividades, com excepção da última têm um cariz profano-religioso, na medida em que no mesmo arraial se assiste com dignidade à procissão solene, durante a tarde e se soltam todas as repreensões diárias nos bailaricos nocturnos animados por conjuntos, bandas musicais e fogo de artificio.
Para além destas, outras celebrações e comemorações, têm lugar nesta Freguesia:
- Visita Pascal: Em São Silvestre costuma-se ainda organizar a Visita Pascal durante o Domingo de Pascoa, em que uma equipa de homens e crianças, juntamente com o pároco se dirigem a casa dos habitantes para dar i Senhor a beijar. O dia termina em festa, animada por foguetes, gaiteiros e baile.
- Festas Populares: Aquando do Santo António, São João e São Pedro, proporciona-se um agradável e divertido serão aos habitantes, que, ao redor de grandes fogueiras, comem batatas cozidas com bacalhau assado nos respectivos braseiros.
- Festa dos Zés: No dia de São José, os “Zés” reúnem-se e organizam a sua festa animada por bailarico, foguetes e um grande almoço para todos.
- Festa dos Homens: Na Zouparria, aquando da passagem do ano, todos os homens casados e solteiros se juntam e fazem uma festa. Esta consta de um agradável almoço de confraternização, foguetes e um baile de encerramento aberto à comunidade.
- Festa das Mulheres: De igual forma, as mulheres juntam-se para fazem a sua festa, no Carnaval, que consiste numa tarde de grande algazarra, folia e muita brincadeira.
GASTRONOMIA
A gastronomia da Freguesia de São Silvestre é rica e diversificada, dado que utiliza na sua confecção os variados produtos da sua economia local. onde os pratos suculentos e apaladados marcam a gastronomia típica da freguesia e estimulam o apetite a qualquer visitante. Por isso, quem por aqui passa não pode deixar de apreciar os famosos e tão característicos roubacos fritos, enguias do rio assim como as Papas de farinha de milho ou a torta de milho com sardinha. Para acompanhar recomenda-se o bom vinho da região e a tradicional broa de milho da terra.
PRATOS TIPICOS: São iguarias da região, Papas de Abóbora Menina com Farinha de Milho e Broa de Milho.
VINHO DA REGIÃO: São néctares da região, os Vinhos Maduros.
DOCES REGIONAIS
É costume muito antigo, em São Silvestre, pelos Santos e pelo Natal, a confecção de broas doce, cujos ingredientes se esgotam nas mercearias da região.
Broa Doces: Coze-se uma abóbora menina e escorre-se em seguida. Peneira-se a farinha de Minho (2kg) que, depois, é escaldada com a massa da abóbora. Em seguida, amassa-se tudo com a farinha de trigo (2kg), açúcar (1kg) e fermento (100g). No final, quando tudo estiver bem envolvido, juntam-se frutas da época (nozes, pinhões, passa e figos), canela e erva doce. Deixa-se levedar durante 3 horas e, passado esse tempo, são tendidas num tigelão e cozidas em forno de lenha bem quente.
Broa de Batata: Inicialmente coze-se 1 kg de abóbora e 1 kg de batatas, que, depois de cozidas, são passadas pelo passevite. Amassa-se tudo e acrescenta-se farinha de trigo (1kg), açúcar (1kg), ovos (4), frutas da época e um pouco de fermento. Sem necessitar de levedar, são cozidas em forno de lenha ou eléctrico, em tabuleiro untados e polvilhados de farinha.
ARTESANATO
O artesanato está intimamente associado à Freguesia de São Silvestre, onde a sapataria, Cestaria, Malha de rede de pesca, pinturas em azulejo, miniaturas e caricaturas em madeira e tapetes tipo arraiolos são uma referência desta terra.
DANÇAS E CANTARES
Fazem parte da memória dos mais velhos, os serões bem passados com as modas típicas da Região Coimbrã, traduzindo-se em viras, fados e danças de roda, nomeadamente o “Vira de Coimbra”, a “Laranjinha”, o “Verde Gaio”, a “Minha Terra é Castanheira” e “Vamos Todos para a Fonte” entre tantas outras.
As cantarinhas utilizadas nas suas danças representam o cântaro que outrora a população usava para o transporte de água para as suas actividades domésticas.
TRAJES CARACTERÍSTICOS
De acordo com documentos antigos desta região, recuperaram-se, no feminino, o traje da tricana de Coimbra, e no masculino, o traje domingueiro. Outrora, este traje era utilizado para impressionar favoravelmente os seus amores no fontanário de São Silvestre, ponto de encontro dos jovens apaixonados.